Dan, o "Argentino", atração internacional do NexT (hehehe...) |
Tivemos também, a participação de vários colegas pela primeira vez no NexT. Em destaque, abaixo, o Leonardo e a Morgana, mas tivemos ainda mais gente nova, só que, infelizmente, não capturei em fotos (tivemos um total de 26 participantes nesta sexta-feira, 17/08/2012).
Leonardo, primeira participação no NexT |
Morgana, primeira participação no NexT |
Wellington, bolsista da "Maratona da Programação", prestigiando o NexT |
A verdade é que não tem sido fácil demonstrar aos mais céticos, que a Universidade precisa sim de um espaço lúdico, que esbanje essa atmosfera de envolvimento e paixão por uma arte intelectual (no caso o Xadrez), que não conhece o preconceito nem diferenças na idade, gênero, peso, altura, cor, etc. Tem sido um intenso trabalho de convencimento junto a professores, funcionários e alunos, às vezes quase que literalmente "brigado" (já travei discussões em público, com professores e alunos, em defesa de nossos interesses), de que este espaço (o espaço/"arena do NexT") precisa ser respeitado e zelado. Mas, felizmente, estamos vencendo. Como sempre digo, o Brasil é reflexo dos brasileiros. Muitos reclamam do Brasil, mas o que precisamos não é mais um para reclamar e maldizer nosso país; o que precisamos é de mais um lutando, com todas as suas forças, para melhorar o nosso país, para ajudar a educar os brasileiros a serem cidadãos de verdade, capazes de respeitar os demais, a fim de eliminarmos, de uma vez por todas, esse famoso "jeitinho brasileiro" que tanto nos envergonha. É preciso contribuirmos para uma educação de brasileiros (de todos os níveis de escolaridade) que saibam planejar, prever recursos, idealizar e escrever projetos, respeitar o que é dos outros e que deixem de "vender o almoço para comprar a janta".
Quando saiu a notícia de que o NexT conquistou esse expressivo valor (R$ 150.000,00), várias pessoas me perguntaram se era realmente verdade. Teve até gente dizendo por aí, que não era esse o valor, que era bem menos (mesmo com o valor estampado no arquivo que relacionou os vencedores do PROEXT/MEC, fonte dos recursos). Muitos também me perguntaram qual foi o segredo... Decidi expor aqui, enfim, o segredo:
Não há segredo!
Eu simplesmente idealizei e construí um projeto da forma mais detalhada possível, com todo o esmero e seriedade possíveis. Toda a fundamentação teórica foi baseada em minha tese de doutorado, um trabalho que foi reconhecido como o melhor em meu programa de pós-graduação, "Engenharia e Gestão do Conhecimento", na UFSC. Para a minha tese de doutorado, eu não dediquei dias... Eu dediquei anos, noite após noite, madrugada após madrugada, dormindo o mínimo que eu aguentava, para poder fazer o melhor que eu poderia fazer, para respeitar o apoio que a Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) estava me dando ao me licenciar para aquele estudo, e defender dentro dos quatro anos de afastamento previstos. No meu retorno para a UDESC, fui tratado como "anormal", só por que respeitei o contrato que assinei quando me licenciei...
Muitos podem ter pensado na época... Ele agora é doutor, não precisa mais se esforçar. A minha resposta foi: muito, mas muito trabalho! E não estou falando desse tipo de trabalho em que simplesmente se acorda cedo e se volta para casa no final do expediente. Eu simplesmente não tenho dia e hora para trabalhar! Eu trabalho todos os dias e noites. Estou sempre tentando bolar algo diferente e procurando alternativas para aquilo que ainda não considero bom o suficiente. Um Professor Universitário, de verdade, está sempre trabalhando, pois sua função é estudar e pesquisar, é descobrir as novas fronteiras do conhecimento e compartilhar isso com a sociedade. E quando se está sozinho em uma jornada, não basta idealizar; é preciso realizar, colocar a "a mão na massa". É preciso fazer o possível e o impossível para que as coisas aconteçam.
Pois bem, voltando ao segredo... Dediquei ao projeto do NexT ("Núcleo de Estudos em Xadrez & Tecnologias"), tudo o que pude. Só os "guardinhas" da UDESC sabiam a que hora eu saía da UDESC quase todo dia (ou melhor, madrugada), pois eu batia record após record (duas, três, quatro da madrugada). E ainda dizem que quem "trabalha", é quem acorda cedo... E, detalhe: eu continuo a trabalhar quando estou em casa (exemplo: agora mesmo, enquanto estou escrevendo este post!). Muitos não conseguem compreender que o trabalho criativo, de ordem intelectual, possa ser desenvolvido em qualquer lugar! Quando entreguei o projeto do NexT, na Direção de Extensão da UDESC, para concorrer ao edital do PROEXT/MEC, a secretária me disse algo assim: "nunca recebemos um projeto tão extenso, detalhado e caprichado quanto o teu!".
Mas, gente! Acho que talvez haja sim, um segredo: este foi o primeiro projeto que escrevi para um órgão de fomento. Portanto, não há dúvida! Foi sorte de principiante!
Ironia à parte, gostaria apenas de pedir àqueles que se deram ao trabalho de ler este texto até aqui, que não o tomem como fórmula ou como lição de nada (não tenho esse direito). Apenas estou compartilhando minha experiência e sentimento com vocês, na intenção de cooperar e colaborar com outros possíveis empreendimentos. Como disse, eu acredito no Brasil, mas é necessário que os brasileiros desejem um Brasil melhor, e sem paixão/amor pelo que se faz, honestidade, respeito e muito trabalho não há como. Seria este o segredo? Deixo a conclusão com vocês.
Tivemos, também, nesta sexta-feira, dia 17/08/2012, o "Candidates Match" (B), válido pelo TUC ("The Ultimate Challenger"), competição que determina os desafiantes do ciclo do Blitz UCC ("Ultimate Chess Championship"). O match foi disputado por Edson J. Dias e Eduardo Viecili, classificados no último "TUC Qualifying Tournament "(TUC QT 01-2012), em uma melhor de 10 partidas blitz (5 min KO).
Edson J. Dias - Candidato a Desafiante do UCC |
Eduardo Viecili - Candidato a Desafiante do UCC |
Os candidatos, prontos para a disputa (10 partidas blitz) |
Ao final da competição, o Edson fez valer sua maior experiência e liquidou a contenda pelo placar de 8.5 a 1.5 pontos. Parabéns! Mesmo com este elástico placar, é importante também destacar a atuação do Eduardo, que praticamente aprendeu a jogar xadrez no NexT e, com gosto pela coisa, já está dando trabalho para os concorrentes mais experientes. O Edson agora fica na espera do vencedor do outro "Candidates Match" (A), entre o Cristiano Rodrigues e o Fabio Sacurae, previsto para acontecer na próxima sexta-feira, dia 24/08/2012. Quem vencer, vai disputar contra o Edson, um "Challenger Match", valendo vaga de desafiante ao título máximo no blitz UCC do NexT.
Um abraço a todos e até a próxima,
Prof. Kariston Pereira
NexT/DCC/CCT/UDESC Joinville
Kariston,
ResponderExcluirBrilhante explanação! E realmente a vida é muito curta para esperarmos um Brasil melhor. Nós brasileiros devemos fazê-lo sem aguardar "milagres políticos".
E assim você o fez através de várias conquistas, entre eles o Doutorado e o NexT dentro da universidade.
Felicidades
Edson
Gostaría também de agradecer pela oportunidade de jogar o match com o Eduardo. Além de um jogador que luta em todas as partidas, se mostrou um gentleman e tivemos um match onde toda a rivalidade ficou apenas nas 64 casas do tabuleiro.
ResponderExcluirEspero jogar outras partidas com o Eduardo e são de pessoas como ele que a socidade precisa.
Abraço e bom final de semana a todos!
Edson
Prezado Sr. Kariston,
ResponderExcluirHoje, por meio da internet, conheci o seu projeto Next. Já tinha conhecimento de sua tese de doutorado, pois pretendo fazer o mestrado a partir do ano que vem sobre o xadrez na educação e durante o levantamento bibliográfico o encontrei. Estou admirado e inspirado pelo seu trabalho.
Sou enxadrista, técnico-administrativo na Universidade Federal de Uberlândia, e quero promover o xadrez nessa universidade e na minha cidade.
Para o ano de 2013 propus um projeto de extensão chamado "Xadrez na UFU" que terá como atividades a realização de um curso de xadrez e de um torneio. Embora seja uma iniciativa pequena, trata-se do primeiro passo para fomentar o xadrez aqui na UFU.
Gostaria, se possível, de contar com sua experiência para a elaboração de um projeto maior. Vou encaminhar um e-mail para você com meus projetos para seu conhecimento.
Parabéns por todo o esforço pelo xadrez e pela força de caráter que pude ver nesse post.
Atenciosamente,
Fernando Paulino de Oliveira
Olá Fernando,
ExcluirObrigado por teu contato. É muito importante para mim, saber que as ações que estamos desenvolvendo aqui na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), pelo Núcleo de Estudos em Xadrez & Tecnologias (NexT), estão repercutindo no Brasil e inspirando outras iniciativas nas Universidades brasileiras.
Dei uma olhada no texto do projeto que você me encaminhou por e-mail e gostei bastante, pois o mesmo demonstra tua dedicação, preparação e organização em torno das ideias propostas (cursos, nas modalidades básico, intermediário e avançado e torneios).
No que eu puder ajudar, por exemplo, na possível resolução de dúvidas e troca de ideias, fico à disposição. Gostaria de reforçar também que, se for de utilidade, podes aproveitar os estudos desenvolvidos em minha tese para embasar tuas propostas, bastando apenas citá-la e referenciá-la como texto científico, nos moldes da ABNT (ou outro padrão exigido, conforme o edital do projeto). Neste sentido, para facilitar, transcrevo abaixo a referência completa de minha tese:
PEREIRA, Kariston; MAIA, L. F. J. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. O raciocínio
abdutivo no jogo de xadrez: a contribuição do conhecimento, intuição e consciência da situação para o
processo criativo. 2010. 513 p. Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de
Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento, 2010. Disponível em:
http://btd.egc.ufsc.br/?p=858 Acesso em: . .
Por fim, gostaria de enfatizar a importância de teu contato e da união de esforços para o desenvolvimento do Xadrez no Brasil, seja como esporte, arte, ciência, ferramenta pedagógica ou elemento cultural. É certo que precisamos desbravar muitas fronteiras ainda, mas juntos somos capazes de ir mais longe.
Cordialmente,
Prof. Kariston Pereira